As histórias em quadrinhos (HQs) no Brasil deram mais chance às HQs estrangeiras entre as décadas de 1970 a 1990. Assim, os autores profissionais e uma quantidade grande de amadores que surgiam, tendo poucas chances de publicarem oficialmente, recorreram aos fanzines – revistas independentes manufaturadas – que em paralelo, e entre as décadas de 1980 e 1990, serviram como quase única possibilidade de publicação aos autores amadores, devido à escassez de editoração nacional, fazendo eclodir um estilo quadrinhístico sui generis, o poético-filosófico (e/ou também denominado de fantástico-filosófico). Em tais zines paratópicos, surgiram HQs curtas mas de reflexão filosófica, diferenciando-se do quadrinho poético atual em geral e indo além dos temas tradicionais. Este gênero poético-reflexivo teve certa influência do quadrinho europeu contendo narrativas curtas e elípticas, bem como inovações na linguagem, pois se equivalia ao hai-kai na poesia, e era distinto dos quadrinhos tradicionais, trazendo mensagens de reflexão existencialista e/ou filosófica, através de seus autores seminais como E. Franco, G. Andraus e outros. Alguns autores que se tornaram fan- editores, como Henrique Magalhães, contribuiram ao desenvolvimento deste estilo poético, pois criaram revistas independentes (e/ou fanzines) especificamente para abarcar tais tipos de HQs, como o fanzine Mandala (anteriormente Tyli-Tyli), dentro de sua editora independente, a Marca de Fantasia.